Estudos sobre o nome de Zeus e de Elohim »»»




Manuel Magalhães

Procura da poesia

Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.

Não faças poesia com o corpo,
esse excelente, completo e confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro
são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem: rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a natureza
nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas)
elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoques,
não indagues. Não percas tempo em mentir.
Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas
tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a
memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.

Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sobre a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?

Repara:
ermas de melodia e conceito,
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
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Manuel Magalhães
Um abraço heterossexual|
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Manuel Magalhães
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). «Acho que a literatura, tal como as artes plásticas e a música, é uma das grandes consolações da vida, e um dos modos de elevação do ser humano sobre a precariedade da sua condição».
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Manuel Magalhães
“Vivemos na primeira civilização ateia, por outras palavras, numa civilização que perdeu a conexão com o infinito e a eternidade”, disse Vaclav Havel (1936-2011)
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Manuel Magalhães
Havel: “É como se estivesse obstinada em perseguir objectivos de curto prazo, quando a sorte do planeta exige um mais agudo e voluntário sentido de antecipação”. E ainda: “Pela primeira vez na História, assistimos ao desenvolvimento de uma civilização deliberadamente ateia. Deve alarmar-nos”. Noutro momento afirmou: “A transcendência é a única alternativa à extinção”. Esta frase não anda longe de outra de Remi Brague à revista católica “30 Giorni”: “O ateísmo não mata os homens, mas impede que eles nasçam”. Sociedade sem horizontes de futuro, principalmente meta-histórico, transcendência, não se reproduzem. Outra vez Havel: “O Ocidente democrático perdeu a capacidade de proteger e cultivar os valores que não cessa de reclamar como seus. (…) O pragmatismo dos políticos que querem ganhar eleições futuras, reconhecendo a vontade e os humores duma caprichosa sociedade de consumo, impede esses mesmos políticos de assumirem a dimensão moral, metafísica e trágica da sua própria linha de acção. (…) Uma nova divindade tende a suplantar o respeito pelo horizonte metafísico da vida humana: o ideal de uma produção e de um consumo incessantemente crescentes”.

Havel não se considerava crente – “sou apenas meio crente” –, mas estava convencido de que “há um ser, uma força velada por um manto de mistério”. “É o mistério que me fascina”.

Novamente Gauchet, que é agnóstico, para terminar, não sobre a sociedade, mas sobre a democracia numa sociedade pós-cristã: “O que ameaça a democracia, hoje, é o vazio, a futilidade, o esquecimento, a facilidade, o curto prazo, a superficialidade. As religiões e o cristianismo, em particular, têm o sentido do essencial, do trágico, do mistério da aventura humana, todas as coisas que a democracia facilmente ignora. Elas podem ser decisivas para a democracia”.
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Manuel Magalhães
Fica esta lectio divina, Eliezer Abensur.
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Manuel Magalhães
Fica esta lectio divina, Fernando Durães.
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Manuel Magalhães
Para si amigo Fernando Durães. Visões

O Apóstolo João foi realmente
um poeta extraordinário como igual
não houve depois –
nem Dante
nem Blake
nem Lautréamont.

Teve todas as visões antes da gente.
Viu as coisas que são e as que serão
no mais futuro dos tempos, e que resta
a prever, a como –ver, aos repetentes míopes
que somos e não vemos o Dragão
e nem mesmo o besouro?

Viu animais cheios de olhos em volta e por dentro,
glorificando Alguém no trono, semelhante
ao jaspe e à sardônica.
Viu a mulher, sentada na besta escarlate
de sete cabeças e dez chifres
e na fronte da mulher leu a inscrição: Mistério.
Viu o Nome que ninguém conhece
nem saberia inventar, pois se inventou a si mesmo.
Os surrealistas não puderam com ele.
Viu a chave do abismo
que Mallarmé não logrou levar no bolso.
Viu tudo.
Viu principalmente o supertrágico, a explosão nuclear, e nisto me afasto dele

Não, não gostaria de predizer o fim do mundo,
como sete taças de ouro repletas da ira de Deus
despejando-se sobre a Terra.
Quero ver o mundo começar
a cada 1.º de janeiro
como o jardim começa no areal
pela imaginação do jardineiro.

Desculpe, [...] João, se o meu Apocalipse
é revelação de coisa simples
na linha do possível.
Anuncio uma lâmpada, não Setembro (e nenhuma trombeta)
a clarear o rosto amante:
são dois rostos que, se contemplando,
um no outro se vêem transmutados.
Pressinto uma alegria
miudinha, trivial, embelezando
em plena via pública o passante
mais feio, mais deserto
de bens interiores.

Profetizo manhãs para os que saiba,
haurir o mel, a flor, a cor do céu.
O mar darei a todos, de presente,
junto à praia, e o crepúsculo sinfônico
pulsando sobre os montes. Um vestido
estival, clarocarne, passará,
passarino, aqui, ali, e quantos ritmos
um pisar de mulher irá criando
na pauta de teu dia, meu irmão.
Oráculo paroquial, a meus amigos
e aos amigos de outros ofereço
o doce instante, a trégua entre cuidados,
um brincar de meninos na varanda
que abre para alvíssimos lugares
onde tudo que existe, existe em paz.
E mais não vejo, e calo, que as pequenas
coisas são indizíveis se fruídas
no intenso sentimento de uma vida
(são 20 ou 70 anos?)
limitada e perene em seu minuto
de raiz, de folha dançarina e fruto.

Carlos Drummond de Andrade
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Eric Koenigkam
que lindo.
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Eric Koenigkam
Foi citado I corintios 13 ou é impressão minha?
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Manuel Magalhães
De forma velada, diferida.
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Manuel Magalhães
Um internauta perguntou-me: Existem diferenças, nos termos, Zeus, e Elohim, responda-me com simplicidade para eu poder absorver melhor.

Manuel Magalhães »»
QUER ZEUS QUER ELOHIM SÃO TÊM ORIGEM SINCRETISTA COMUNS. VEJA O CASO DE ELOHIM...
Canaã era um território que correspondia às terras de Israel, Palestina, Líbano, Jordânia e Síria. Os cananeus se dividiam em pequenos reinos, como Moab, Amon e Edom, e cidades-estado,como Tiro, Sidon e Biblos - os habitantes dessas últimas ganharam dos gregos o apelido de "fenícios" e fundaram um império. Cananeus falavam línguas semíticas muito próximas, usavam o mesmo alfabeto e cultuavam mais ou menos os mesmos deuses. Cercados por todos os lados de pagãos cananeus, falando quase a mesma língua e usando o mesmo alfabeto, mesmas roupas e mesmos utensílios, viviam os hebreus, no Reino de Israel - que, no entanto, não se consideravam cananeus. Ou ao menos não se consideravam na época em que a Tanakh (o Velho Testamento) foi escrita, entre os séculos 6 e 5 a.C., contando sua origem estrangeira. Essa migração não foi confirmada pela arqueologia. Não há evidências de uma grande colonização estrangeira na região. Não há menção egípcia ao cativeiro dos hebreus. As campanhas militares do final da Era do Bronze tinham outros protagonistas: os egípcios, que tratavam a região como seu quintal, e os povos do mar (veja mais na página 48), que a invadiram pelo norte. Em 1400 a.C., quando Josué teria conquistado Jericó, a cidade estava deserta havia 150 anos. Em outras palavras, os hebreus não eram inimigos dos cananeus. Eles eram cananeus. "O crescente consenso entre os arqueólogos é que, no início, a maioria dos israelitas era cananeu", diz Robert Gnuse, professor de Velho Testamento na Universidade de Loyola, EUA. "Aos poucos, as pessoas que desenvolveram uma identidade israelita tenderam a viver no alto das colinas de Canaã. Já as que mantiveram a identidade canaanita habitavam as planícies."

Manuel Magalhães
Leia mais aqui: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/conheca-origem-deus-731356.shtml

INTERNAUTA:
A pergunta em questão, é se esses dois seres são um em dois, os mesmo ser.
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Manuel Magalhães
Manuel Magalhães
Não. Elohim faz parte do contexto do politeísmo canaanita.
Textos e artefatos encontrados em Ugarit (atual Ras Shamra, na Síria), datados dos séculos 15 a 12 a.C., indicam que os hebreus cultuavam o panteão de deuses cananeus. "As quatro camadas da sociedade humana - rei, nobres, camponeses e escravos - eram espelhadas em quatro camadas de divindades", diz o historiador canadense K. L. Noll no artigo Canaanite Religion ("Religião Cananita"). O topo do panteão era ocupado por um deus chefe, El, e por sua esposa, Asherah. Abaixo vinham os deuses cósmicos, como Baal e Anath, que controlavam a tempestade, a fertilidade e outros aspectos naturais. Na terceira camada vinham os deuses que auxiliavam na vida diária das pessoas, como Kothar-wa-Khasis, o deus da habilidade. Por fim os mensageiros, que não eram mencionados por nome. Essa hierarquia de deuses é chamada de henoteísmo (ou monolatria). "Há uma distância muito curta entre essa noção henoteísta e a ideia monoteísta, ou seja, a de que um deus é realmente Deus e quaisquer outros seres sobrenaturais são criaturas insignificantes sob seu comando", diz Noll. "A religião da Bíblia deu esse passo." Entre os hebreus, os deuses das duas camadas intermediárias foram eliminados, restando apenas o deus-chefe e os mensageiros. "Anjo" vem do grego angelos, tradução para o hebraico malak, "mensageiro". El, o deus-chefe cananeu, é um dos nomes de Deus na Bíblia, geralmente com um adjetivo, como El Shaddai, "deus todo poderoso" ou Elohim, "deus dos deuses". O nome Yahweh, por sua vez, não aparece em textos de outros cananeus. A primeira menção a Yahweh é em inscrições egípcias do século 14 a.C., que se referem aos "nômades de Yahweh" e o associam com pessoas que viviam em Edom - não nas terras dos hebreus, mas um pouco mais ao sul. O Velho Testamento parece sugerir uma origem politeísta, principalmente em seus livros mais antigos (veja quadro). Existe várias passagens como "Senhor, quem é como Tu entre os deuses?" (Êxodo 15:11). Ou: "Terrível é Deus na assembleia dos santos, maior e mais tremendo que todos os que o cercam" (Salmos 89:7), que parece falar em algum tipo de panteão. Quando o culto a Yahweh se expandiu ao norte, a religião dos hebreus começou a mudar. "Primeiro, houve uma fusão de várias divindades na figura de Yahweh, entre elas El, Asherah e Baal", diz Mark Smith. Basta ler os poemas bíblicos mais antigos para perceber essa fusão de deuses. Na Bíblia, Yahweh assume os atributos de Baal como senhor da tempestade ("A voz do Senhor despede relâmpagos", Salmos 29:7). Achados arqueológicos mostram sua fusão com El, ao assumir a esposa dele: em um templo hebreu do século 9 a.C., está escrito: "Yahweh de Samaria e sua Asherah". Em uma tumba do século 8 a.C. do reino de Judá, alguém deixou: "Yahweh e sua Asherah". Pois é, os hebreus achavam que Deus era casado.

INTERNAUTA:
Se os hebreus eram cananeus, como pode o Elohim pedir a destruição dos tais.
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Manuel Magalhães
Manuel Magalhães
Isso é manipulação dos hebreus, sob o controle de D'us, a chamada Astúcia do LOGOS, de Hegel. Revisionismo histórico controlado por a Divindade que orienta a nossa vida.
Humanamente, foi uma forma de construírem a sua identidade.
Algo como a autodeterminação de uma nação. Ao longo dos séculos, sacerdotes, profetas e monarcas reforçaram o culto exclusivista a Yahweh. Por volta de 700 a.C., definitivamente havia uma religião separada daquela praticada pelos vizinhos, com um grande foco nesse deus. Mas não era universal. "Se você entrasse numa máquina do tempo e voltasse à Palestina daquela época, veria que a maioria das pessoas era politeísta. Outras eram henoteístas. Mas elas não se definiam assim. Não se preocupavam com isso", diz Gnuse. No entanto, um acontecimento mudaria essa história para sempre. Em 586 a.C., as muralhas de Jerusalém vieram abaixo. O rei babilônio Nabucodonosor invadiu a cidade, queimou o mítico Templo dedicado a Yahweh e mandou boa parte dos judeus para o exílio na Babilônia. "O exílio durou apenas meio século, mas teve uma força criadora impressionante", diz o historiador britânico Paul Johnson no livro História dos Judeus. "Assim como os períodos de Abraão e Moisés haviam produzido a religião de Yahweh, os anos durante e pós-exílio desenvolveram e refinaram o judaísmo." Durante o exílio, rabinos e escribas compilaram e editaram as tradições orais e os pergaminhos trazidos do templo destruído, agregando textos novos para reverenciar Yahweh e condenar o culto a outros deuses (leia quadro), dando origem ao Tanakh, o livro sagrado do judaísmo, o que deu forma definitiva à religião. Em 539, o rei persa Ciro derrotou os babilônios e permitiu a volta dos judeus para Canaã, o que foi visto como uma intervenção direta de Yahweh. Nos anos que se seguiram, os editores deram os últimos retoques no seu novo projeto de fé. O primeiro dos dez mandamentos afirma: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20:3). O que era a preferência por um deus torna-se uma lei vinda do céu, escrita na pedra, e punível com morte.

Manuel Magalhães
É sempre bom recriarmos as nossas vidas. Produzimos cultura, novos conhecimentos. Trazemos vida nova aos outros. Veja a Delfinoterapia ou Terapia Assistida por Golfinhos é uma terapia complementar que utiliza o golfinho como animal co-terapeuta na intervenção com pessoas portadoras de doenças ou deficiências físicas ou psicológicas, quer seja em crianças, adultos ou idosos. Assim, esta técnica consiste em definir metas para o tratamento individual dos pacientes, melhorando a comunicação destes com o meio envolvente. Isto é possível graças a ISRAEL.
O objectivo da Delfinoterapia é motivacional, sendo que através do contacto com os golfinhos é possível auxiliar o processo de reabilitação de portadores de necessidades especiais, sendo que pretendem ajudar a aliviar os sintomas e não curar. Deste modo, «consoante as características do paciente, o objectivo torna-se mais específico, podendo-se trabalhar modificações de comportamentos relativos à linguagem, discurso, desenvolvimento da motricidade fina ou grossa e pensamento concreto ou abstracto, entre outras» (Nathanson, 1980).
Dolphin Reef Eilat Eilat, Israel Population: Focuses on children with all kinds of diagnoses: cancer, behavioral problems, sexual abuse, Down's Syndrome, autism, ADD, ADHD, and all kinds of physical and mental retardation. Review: Their program is called “supportive experience with the aid of the dolphins”, as their focus is on moral support. Click on therapy from their main home page. It seems they may be one of the only dolphin therapy locations in this area.
http://www.dolphinreef.co.il/
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Manuel Magalhães
Abraço...
Há um provérbio chinês que diz que quando um dedo aponta para a lua, o tolo olha para o dedo. Na lógica do provérbio, não devemos confundir os embrulhos, os copos, os meios com os conteúdos, as bebidas, as finalidades.
Aqui temos a mão de D'us... que age neles.
Ele é a nossa cura. D'us escreve direito por linhas tortas (Israel). Há cura? Haverá libertação? Uns dirão que é uma questão de tempo, que a humanidade ainda não atingiu o estado adulto. Outros dirão que se trata do desequilíbrio próprio de quem caminha, que a humanidade tem em si mesma a salvação que há-de desabrochar. A Bíblia diz algo diferente. Diz que a salvação bem de fora, ainda que não nos seja estranha. “Nestes dias, que são os últimos, [Deus] falou-nos por ser Filho”, diz Heb 1,2. Cansado de mandar mensageiros continuamente ignorados, enviou o seu Filho, que é também a sua Palavra, o Logos, o Verbo, que é Deus com Ele. Comunicou comunicando-se. Diz o Evangelho que “o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1,1), para depois dar o salto do maior gesto comunicativo de sempre, ainda maior do que a poderosa palavra genesíaca dos primeiros dias da Criação (porque, como diz Hebreus, também foi pelo Filho que o universo foi criado), que dividiu a história em duas parte e continua a ser pedra de toque para muitas vidas: “O Verbo fez-se carne e habitou entre nós”.
A humanidade que não se iluda. Se não se abrir à Palavra que vem do alto mas não é exterior a ela, porque se fez carne, parecerá sempre como o tolo do Barão de Munchausen, que estando a afundar-se num pântano, salvou-se puxando-se a si mesmo pelos cabelos. Tolo e mentiroso.
O Evangelho de João olha para Jesus de uma maneira muito especial. Se os três sinópticos (MATEUS MARCOS E LUCAS) como que são uma subida para chegar à conclusão de que Jesus é o Cristo-Deus, com João o percurso é inverso: o Verbo, que desde sempre esteve com Deus, desce à humanidade. É comunicação de Deus. Este é o Evangelho para quem já percebeu que em Jesus o mensageiro e a mensagem coincidem porque é o Verbo de Deus. Quando o dedo aponta, não somos tolos se olharmos para o dedo e dermos com o dedo de Jesus. Ele é a última e definitiva mensagem. Não é o dedo que aponta, mas a mão estendida do encontro de Deus com a humanidade. 4. Por Ele marcharam os passos dos legionários, As velas dos barcos por Ele se tinham estendido Por ele os grandes barcos de Outono tinham luzido, Por ele se dobraram as velas nos estuários. (…) Os passos de Dário tinham marchado por Ele, Era por Ele que esperavam no fundo da Pérsia, Era por Ele que esperavam numa alma dispersa, Ele é o Senhor de ontem e de hoje. E os passos de Alexandre por Ele tinham marchado Do palácio paternal às margens do Eufrates. E por Ele o último sol tinha luzido Sobre a morte de Aristóteles e a morte de Sócrates. (…) As regras de Aristóteles tinham marchado por Ele Do cavalo de Alexandre às épocas escolásticas. E o ascetismo e a regra luziram por Ele Das regras de Epicuro até às regras monásticas. (Excerto de um poema de Charles Péguy)
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Manuel Magalhães
Na Bíblia, um Deus em mutação
A Bíblia é como uma biblioteca: ela é formada por livros escritos por diferentes autores ao longo de séculos, reunidos fora de ordem cronológica. Os especialistas distinguem quatro grupos de autores principais, cada um deles identificado por uma letra. Os primeiros a escrever, provavelmente na primeira fase da monarquia israelita (922-722 a.C.), foram do grupo "J" (do reino de Judá, que chamava seu deus de Yahweh) e "E" (de Israel, que preferiam o título divino mais formal Elohim). J deu a Yahweh características bastante humanas. No Gênese, por exemplo, Deus se arrepende, fica zangado e grita com Noé. Já a visão de E é mais transcendente: Elohim quase não fala; prefere mandar um anjo como mensageiro. "Mas nem J nem E acreditavam que o deus israelita era totalmente monoteísta", diz a historiadora das religiões Karen Armstrong no livro A Bíblia - Uma Biografia. Isso mudou com as duas escolas posteriores: "P" (priests, "sacerdotes") e "D" (Deuteronomistas), que começaram a escrever após a destruição do reino de Israel pela Assíria (722 a.C.) e continuaram durante o exílio da Babilônia (586-539 a.C.). Eles projetaram a imagem de Yahweh como o Deus único. Quando os editores finais da Bíblia Hebraica juntaram todo o material, em algum momento entre os séculos 6 e 4 a.C., Deus havia se transformado. O velho deus nacional de Israel, que convivia com o panteão cananeu, tinha ficado para trás. Ele agora era Yahweh, o Deus todo-poderoso do Universo.


Saiba mais
LIVRO - The Origins of Biblical Monotheins, Marx S. Smith, Oxford University Press, 2003
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Manuel Magalhães
http://bibliafreestyle.com.br/jo/1

JOÃO 1
O mundo foi criado por Deus, o Ungido já existia e estava lá, e não, ele não era uma ameba. O Ungido é Deus e estava com ele, apesar de não haver foursquare para sinalizar ele estava lá. Ele criou o mundo juntamente com o Pai. Foi ele que levantou tijolo por tijolo, e a obra que ele fez foi melhor (traduzo para os teólogos: "lo mejor en géneros de punto") do que o que se vê por aí. Na criação havia trevas, igualzinho aos apagões do FHC e da Dilma e pela sua voz tudo foi criado, inclusive a luz que ilumina a vida de toda a gente. Não há escuridão que consiga apagar esta. Pena que Ele não tirou uma foto no Instagram. Ia calar a boca de muito neguinho incrédulo.

Tinha um homem chamado de João, ele era primo de Jesus. Foi enviado por Deus para pregar a respeito do Ungido. Ele sabia que não era o Ungido, mas falou dele para a galera ouvir e crer (não, não é o pessoal da igreja). A galera ouviu, mas não creu. Nem mesmo o povo de Deus que estava esperando o Ungido a uma pá de tempo. É tipo ganhar ingressos para o último show do Sepultura e não querer ir. É loucura. Mas uns malucos creram e foram chamados filhos do Altíssimo e a parada é sinistra, porque este nascimento não é o do tipo que você conhece (não vou dar detalhe, se você é solteiro pergunta pro Lucinho ele é que decidiu pedir pra esperar). Cara, por isso Deus agora é meu Pai, não do tipo que o Inri Cristo fala por aí. É de verdade.

Daí o Ungido veio morar conosco na forma humana mesmo. Se ele estivesse vindo no século XXI vestiria Jeans e camiseta xadrez (porque tem dois bolsos), não seria hipster e nem ouviria Adele, teria conta no Facebook e no Twitter, usaria Android e só software open source, assinaria petição no Avaaz, votaria na Marina e nem por decreto deixaria alguém ter criado o Orkut. Mas ele veio no antigamente. Ele era um cara resolvido ele era cheio de amor e de perdão. Alguns dos discípulos viram a glória Dele e esta era a glória do Pai celeste, tipo cópia autenticada. Então João saiu pra pregar no terminal de ônibus falando pra galera que o Ungido é mais importante do que ele, e que tudo que a gente tem visto e vivido foi por causa dele e é benção por causa do Ungido, menos o busu lotado porque aí é problema do governo. Moisés trouxe somente o peso da lei, o Ungido trouxe a alegria e o perdão. Ninguém viu a Deus, nem mesmo a Elba Ramalho, nem a Xuxa. O que elas bebem eu não sei, mas nem elas viram o Pai. Só o Ungido viu e disse como Ele era. E bateu a fita pra galera sobre tudo a respeito Dele.

Bom, então aí juntou os religiosos e mandaram os aspones para perguntarem pro João se ele era o Ungido. Ele negou diboa: “eu não sou o Ungido”. Então os aspones perguntaram quem ele era: “Você é o profeta Elias? Você é algum o Profeta?” Faltou perguntar se foi ele que matou Odete Roitman. João passou a fita: “Eu sou apenas a voz do deserto, tipo relações públicas de Deus”, então os aspones deram o grito: “peraí então malandragem, se você é um zé nada, tá batizando porque?”. Daí João bateu a real: “eu tô batizando com água véi, mas aqui agora tem alguém bem mais graúdo do que eu”. Isto tudo aconteceu bem perto de Betânia currutela ao lado do Jordão.

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No outro dia João bateu o olho e viu Jesus a caminhar na sua direção, não aguentou e deu o berro: “ae galera, taí o cara que falei!! Ele vai tirar o pecado do mundo, Ele é o cordeiro de Deus! Eu tô batizando com água apenas pra abrir os olhos do povo de Israel mas esse aí vai batizar com o Espírito Santo”. João então narrou a parada que ele viu quando Jesus foi batizado. “Véi o negócio é o seguinte: eu vi o Espírito Santo descer em forma de pomba por cima de Jesus. Eu era primo do cara, mas não sabia como era a cara dele, mas Deus me passou a dica que na hora daria um sinal, e o sinal era o Espírito Santo na forma de pomba. Eu vi acontecer com este cara, então eu sou uma testemunha que ele é o Ungido de Deus, o seu Filho”.

Rolou então que no outro dia, quando João estava trocando umas ideias com dois chegados, ele viu Jesus dando um rolé. Então João deu uma encarada em Jesus e disse: “taí, este é o cordeiro de Deus!”. E zap, João perdeu dois discípulos para Jesus! Se isso acontece hoje em dia ia rolar voadeira pra todo lado. Mas daí Jesus deu um bizu, porque os caras estavam seguindo Ele como se fossem cachorros perdidos na rua. Jesus perguntou: “Que que tá pegando aí?”. Os caras responderam: “Boss, onde é que você mora?”. Aí Jesus levou os dois para ver onde ele morava e ficaram com ele das quatro da tarde até ao anoitecer. Um desses camaradas era André, que não aguentou e deu uma de X-9 e foi atrás de Pedro, seu mano, dizendo que ele tinha encontrado o “Ungido”. Quando Pedro chegou, Jesus foi logo batendo na boa a ficha dele: “ Você é Simão, filho de João mas vou mudar o seu nome. Fica tranquilo não vai se chamar Bráulio não, vai se chamar Pedro”. Então Simão suspirou.

Rapaz, aí no dia seguinte Jesus foi para Galiléia. Lá encontrou Filipe e Natanael que riu da cidade de Jesus. Ninguém merece nascer no Faina, Araguari, Palhoça ou Nazaré, aí Jesus disse pro Natanael: “eu te conheci antes de te ver, malandro. Você não precisou me aceitar no Facebook para ver a sua ficha; no céu hackeamos todas as contas!”. Daí Natanael não teve dúvida: “você é o Ungido”. Aí Jesus falou: “ah moleque! Se você achou esta treta maneira, pensa só quando você ver o céu com engarrafamento de anjo... aí os discípulos pira!”
Guilherme Burjack - burjack@gmail.com

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