O cristianismo Histórico e o islão em diálogo?


É preciso saber que o Alcorão se refere várias vezes a Jesus (Issa) como Profeta que anuncia o D'us UM, criador e Senhor da vida. Nasceu miraculosamente de Maria. A sua mensagem é de paz, mansidão e humildade. É "servo de Deus" e "Verbo da Verdade". D'us deu-lhe o poder de fazer milagres. Nega-se expressamente a crucifixão/ou o estar pendurado numa estaca de execução, tendo Jesus sido elevado miraculosamente para Deus.
Na literatura muçulmana, o amor e o respeito por Jesus são uma presença constante. Assim, Tarif Khalidi, que foi director do Centro de Estudos Islâmicos e membro do Conselho Directivo do King's College (Cambridge), reuniu em livro - Jesus Muçulmano - um conjunto das chamadas "máximas e histórias de Jesus", em que se encontram várias alusões aos Evangelhos.
Algumas máximas. Perguntaram a Jesus: "Quem foi o teu professor?" "Ninguém", respondeu ele; "vi a fealdade da ignorância e fugi dela". Disse Jesus: "Deus gosta que os Seus servos aprendam um ofício que os torne independentes e detesta um servo que adquira conhecimentos religiosos e depois faça disso o seu ofício." Também disse: "O mundo é uma ponte. Atravessa a ponte, mas não construas sobre ela." Conta-se que perguntaram a Jesus: "Até que idade é conveniente adquirir conhecimento?", e ele respondeu: "Enquanto for conveniente viver." Nenhuma palavra dita a Jesus lhe era tão querida como "aquele pobre homem." No dia em que Jesus foi elevado aos céus, deixou apenas um agasalho de lã, uma fisga e um par de sandálias.
As duas histórias. Uma vez, Jesus passou por uma caveira apodrecida e desfigurada. Ordenou-lhe que falasse. E ela disse: "Espírito de Deus, o meu nome é Bal- wan ibn Hafs, rei do Iémen. Vivi mil anos, gerei mil filhos, desflorei mil virgens, destrocei mil exércitos, matei mil tiranos e conquistei mil cidades. Que quem ouve a minha história não se deixe tentar pelo mundo, pois tudo isso foi como o sonho de um homem adormecido." E Jesus chorou.
A segunda história. Um homem juntou-se a Jesus, dizendo: "Quero ser teu companheiro." Jesus aceitou, e ambos seguiram viagem. Quando chegaram à margem de um rio, sentaram-se para comer. Levavam três pães. Comeram dois e sobrou um. Depois, Jesus foi ao rio beber água. No regresso, não tendo encontrado o terceiro pão, perguntou ao homem: "Quem tirou o pão?" Ele respondeu: "Não sei."
Continuaram a viagem, e, no caminho, Jesus realizou dois milagres. Das duas vezes voltou-se para o companheiro, dizendo: "Em nome d'Aquele que te mostrou este milagre, pergunto-te: quem tirou o pão?" E o homem voltou a responder: "Não sei."
Chegaram depois ao deserto e sentaram-se no chão. Jesus fez um montinho de terra e areia e disse--lhe: "Com a permissão de Deus, transforma-te em ouro." E assim aconteceu. Então, Jesus dividiu o ouro em três partes e disse: "Um terço para ti, um terço para mim e um terço para quem tirou o pão." Aí, o companheiro atirou: "Fui eu que tirei o pão!" Jesus disse: "O ouro é todo teu."
Jesus continuou sozinho o seu caminho. Entretanto, chegaram dois salteadores que queriam roubar o ouro ao antigo companheiro. Este, porém, disse: "Vamos dividi-lo em três partes e um de vós vai à cidade comprar comida." Um deles foi então à cidade e pensou de si para consigo: "Porque hei-de dividir o ouro com estes dois? Vou antes envenenar a comida e ficar com o ouro todo para mim!" E comprou comida, que envenenou.
Por sua vez, os que tinham ficado à espera disseram: "Porque havemos de dar-lhe um terço do ouro? Em vez disso, vamos é matá-lo, quando regressar, e dividimos o ouro entre os dois."
Quando o terceiro voltou, mataram-no. Depois, comeram a comida envenenada e também morreram os dois. E o ouro ficou no deserto com os três homens mortos ao lado. Aconteceu que Jesus passou por ali e, ao ver aquela miséria, disse aos discípulos: "Assim é o mundo. Tende cuidado."



  • Comentário na web: Os romanos usavam árvores, troncos e tudo mais que pudesse crucificar o sujeito sem um lugar definido como o Gólgota, qualquer madeiro em qualquer lugar servia para crucificar. Também não obrigavam ninguém a carregar a sua cruz, pois nenhum condenado tinha a própria cruz, ainda temos a problemática de se carregar a cruz, nenhum humano teria forças suficientes para carregar uma cruz por ser muito pesada. Como o condenado tinha certeza de seu fim, que ia ser assassinado, não tinha sentido se submeter a uma caminhada carregando uma cruz sendo torturado, somente um idiota para aceitar.

    • Gostas disto.
    • Magalhães Luís responde: 
      aminhahemerotecavideo.blogspot.com



      É preciso saber que o Alcorão se refere várias vezes a Jesus como Profeta que anuncia o D'us único, criador e senhor da vida. Nasceu miraculosamente de Maria. A sua mensagem é de paz, mansidão e humildade. É "servo de Deus" e "Verbo da Verdade". Deus deu-lhe o poder de fazer milagres. Nega-se expressamente a crucifixão, tendo Jesus sido elevado miraculosamente para Deus. No cristianismo académico nega-se o acto de D'us matar para salvar a humanidade e a ressurreição tradicional: A ressurreição deve entender-se na dinâmica do corpo-pessoa aberto à transcendência. Uma vez que as Igrejas não sabem lidar com o corpo, falam da alma. Mas hoje, no quadro da antropologia, não se pode pensar em dualismo de alma e corpo.

      De qualquer forma, em relação ao para lá da morte, ficamos sem palavras. É o indizível. Porque nós estamos preparados para pensar no quadro do espaço e do tempo, e a morte retira-nos precisamente do espaço e do tempo. Mas a fé do cristianismo na ressurreição é essencial. Quem acredita em Deus que é amor crê que não será abandonado por Deus nem mesmo na morte. Na morte, em vez de cair no nada, o crente espera entrar na plenitude da vida em Deus.


      Desenvolvo: Julgo que dificilmente se consegue conviver com o nada. Então, como as pessoas não toleram o nada, é interessante observar que 25 por cento dos católicos franceses acreditam na reencarnação. Entendo isso, mas penso que a reencarnação é insustentável até do ponto de vista antropológico.


      Argumento contraditório: Paulo, na sua epístola a Tito 3:4-5, interpreta uma citação de Yeshua: ‘Mas quando apareceu a vontade de D'us, o nosso salvador; e o seu amor para com os homens, não por obras de justiça que tivéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia nos salvou pelo lavatório da reencarnação, e pelo renascimento de um espírito santo’.
      Aqui, Paulo deixa bem claro que D'us salvou-nos não porque o tivéssemos merecido, mas por a Sua misericórdia, servindo-se da reencarnação a qual é um ‘lavatório’ (de água) e um ‘renascimento do espírito’. A palavra grega do texto a que se refere Paulo é παλιγγενεσιας ‘Palingenesia’ – isto é, ‘renascimento’‘Novo Nascimento’, REENCARNAÇÃO.

      Contraditório: A palavra “lavatório” não existe no original grego. Lá se lê loutron: “lavagem, banho” (λουτρον declinada para λουτρου, em gen-abl), mas nãoloutrôn (λουτρων, cujo gen-abl seria λουτρωνος).
      E quanto ao sentido de Palingenesia? De fato, ela pode significar reencarnação, como é atestado no diálogo Menão (palin gignesthai), do filósofo Platão, mas como eram os demais usos dado a esta palavra? Quem define o significado de uma palavra é quem a usa, não os dicionários, que apenas registam os seus diversos usos. O panorama, seja do texto ou social, é o que nos dá noção do real significado, do contrário temos uma inversão do raciocínio: em vez de analisar o texto para determinar se a realidade dos primeiros leitores possibilitava a presença da reencarnação no seu credo e a partir daí traduzir conforme os seus conceitos, arbitra-se a existência dela no credo e a tradução é feita conforme tal prejulgamento.
      Portanto, passemos à análise dos diversos valores que “palingenesia” pode assumir. Ela só aparece mais uma vez na Bíblia em Mt 19:28:
      ὁ δὲ Ἰησοῦς εἶπεν αὐτοῖς, Ἀμὴν λέγω ὑμῖν ὅτι ὑμεῖς οἱ ἀκολουθήσαντές μοι, ἐν τῇπαλιγγενεσίᾳ, ὅταν καθίσῃ ὁ υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου ἐπὶ θρόνου δόξης αὐτοῦ, καθήσεσθε καὶ ὑμεῖς ἐπὶ δώδεκα θρόνους κρίνοντες τὰς δώδεκα φυλὰς τοῦ Ἰσραήλ.
      Jesus respondeu-lhes: Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, no tempo da regeneração, o Filho do Homem e assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.
      O versículo relaciona-se directamente com o sentido escatológico do fim dos tempos. Este sentido escatológico aparece também na literatura pagã, em especial entre os filósofos estóicos. Fazia parte da doutrina desta corrente, entre outras coisas, a crença em diversos ciclos nos quais o universo seria renovado. Assim escreveu o imperador romano Marco Aurélio em suas Meditações, livro XI, 1
      ἔτι δὲ περιέρχεται τὸν ὅλον κόσμον καὶ τὸ περὶ αὐτὸν κενὸν καὶ τὸ σχῆμα αὐτοῦ καὶ εἰς τὴν ἀπειρίαν τοῦ αἰῶνος ἐκτείνεται καὶ τὴν περιοδικὴν παλιγγενεσίαν τῶν ὅλων ἐμπεριλαμβάνει καὶ περινοεῖ καὶ θεωρεῖ ὅτι οὐδὲν νεώτερον ὄψονται οἱ μεθ ἡμᾶς οὐδὲ περιττότερον εἶδον οἱ πρὸ ἡμῶν, ἀλλὰ τρόπον τινὰ ὁ τεσσαρακοντούτης, ἐὰν νοῦν ὁποσονοῦν ἔχῃ, πάντα τὰ γεγονότα καὶ τὰ ἐσόμενα ἑώρακε κατὰ τὸ ὁμοειδές.
      E além disso, ela [a alma racional] percorre todo o universo e o vácuo circundante, e analisa sua forma, e se estende para o infinito de tempo, e abarca e compreende a periódica renovação do universo, e entende que os que virão após nós não verão nada novo, nem os que vieram antes viram algo mais, mas de certo modo, o quarentão, ainda que não tenha discernimento, viu tudo o que foi e o que será, em virtude da similaridade das coisas.
      Sentido escatológico similar é o que deve ser entendido em (Mateus 19:28). Em outras partes não bíblicas da literatura judaico-cristã é possível “palingenesia” significando “regeneração”, “restauração”:
      Agora que Zorobadel obtivera estas concessões do rei, ele saiu do palácio e, olhando para o céu, começou a render graças a Deus pela sabedoria que lhe dera e a vitória que tivera com isso, mesmo na presença do próprio Dario; visto que, disse ele,”Eu não tinha me julgado merecedor destas vantagens, ó Senhor, a menos que tivesses sido favorável a mim“. Então, quando já agradecera a Deus pelas presentes circunstâncias em que se achava e orara para que ele lhe proporcionasse como um favor o tempo vindouro, voltou para Babilónia e trouxe as boas novas sobre as concessões que conseguira do rei aos seus compatriotas; que, assim que ouviram o mesmo, também deram graças a D'us que mais uma vez restaurou a eles a terra dos seus antepassados. Então puseram-se a beber e comer, e por sete dias continuaram festejando, e mantiveram uma celebração pela reconstrução e restauração de seu país.[καὶ παλιγγενεσίαν τῆς πατρίδος ἑορτάζοντες]
      Extraído de Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas X, cap. III, parágrafo 9. Uma passagem que relata o fim do cativeiro de Babilônia e retorno dos judeus a sua terra, após a tomada deste reino pelos persas de Dario. Fontes grego-latinas disponíveis em Antiquitates Judaicae
      E um exemplo do cristianismo primitivo:
      Portanto, vamos render graças à Sua excelsa e gloriosa vontade; e implorando Sua misericórdia e bondade amorosa, enquanto deixamos todas as tarefas infrutíferas, e disputa, e inveja que leva a morte, vamos nos voltar à Sua compaixão e valer-se dela. Vamos contemplar continuamente os que ministraram perfeitamente para a Sua excelsa glória. Tomemos (por exemplo) Enoque, que, sendo reconhecido virtuoso em obediência, foi arrebatado e nunca foi a sua morte registada. Noé, sendo reconhecido fiel, [pregou (mas não oralmente, tinha-se que "ler nas entrelinhas"; denota alguma passividade da parte dele)] a regeneração (παλιγγενεσίαν) do mundo através do seu ministério passivo e activo; e o [HaShem] salvou através dele os animais que, harmoniosamente, entraram na arca.
      Não só o universo, o mundo ou nações podem sofrer um processo de “palingenesia”. As pessoas também podem sofrê-lo e ainda em vida. Diz-nos isto o político e orador romano Cícero, na sua colectânea de cartas ao seu amigo Ático, mais especificamente na Carta 6 do livro VI:
      Amicorum litterae me ad triumphum vocant, rem a nobis, ut ego arbitror, propter hancpalingenesian nostram non neglegendam. Qua re tu quoque, mi Attice, incipe id cupere quo nos minus inepti videamur.
      As cartas de meus amigos me convidam ao triunfo, uma coisa, em minha opinião, que não devo negligenciar em vista da minha restauração, Por isso, meu [caro] Ático, que tu também comeces a desejá-lo para que eu pareça menos tolo.
      Na tradução foram desfeitos os plurais de modéstia comuns na pena de Cícero. As circunstâncias da carta representam o fim do proconsulado de Cícero na província da Cilícia, ao sul da actual Turquia. Fora a contragosto devido a um sistema de sorteio entre os magistrados e governou de 51 a 50 a.C., tendo se preparado para uma possível invasão dos partas (que acabou ocorrendo na Síria, mas foram repelidos) e feito uma pequena campanha contra as tribos ainda hostis [Ferrero]. Aparenta ter feito um bom governo, ainda mais quando comparado com a rapinagem praticada pelos demais governadores romanos. Foi-lhe decretado um triunfo pelas suas vitórias na ocasião do seu retorno à Itália. Cícero considerou o seu retorno triunfal uma nova fase da sua vida, adoptando a palavra “palingenesia” para defini-la e traduzida por certo erudito inglês como “nova etapa da vida”. Esta “palingenesia” para os encarnados é a que melhor define a ideia contida em Tito 3:5, especialmente pela mudança de comportamento apresentada nos versículos que antecedem:
      Lembra-lhes que devem ser submissos aos magistrados e às autoridades, que devem ser obedientes e estar sempre prontos para qualquer trabalho honesto, que não devem difamar a ninguém, nem andar brigando, mas sejam cavalheiros e delicados para com todos. Porque também nós antigamente éramos insensatos, desobedientes, extraviados, escravos de toda sorte de paixões e de prazeres, vivendo em malícias e inveja, odiosos e odiando uns aos outros.
      Confrontando 3:1-3 com 3:6-8, fica claro que, para o autor de Tito, a mudança foi operada externamente por meio da graça. Se a plateia é composta de um grupo de prosélitos (o mais comum num cristianismo nascente), pouco sentido faz falar em reencarnação, pois experimentaram a mudança em vida. Aqui, o sentido de “palingenesia” está mais para o de Cícero que o de Platão, e mais conforme com a pregação paulina.
      Talvez haja um fenómeno que já ocorreu antes, na transição do judaísmo para o cristianismo: a releitura. Passagens de um tipo de exegese estão sendo remodeladas para outra. Quando os tradutores da LXX usaram a palavra “parthenos” em Is 7:14 : “a jovem conceberá um filho”, eles usaram uma palavra que podia abarcar pelo menos três sentidos: “virgem”, “menina” e “mulher jovem”. Com observou Geza Vermes, o judaísmo do Segundo Templo possuía uma grande fluidez no seu conceito de “virgindade”: inexperiência sexual, ser ainda impúbere, ter concebido e dado filhos sem menstruação anterior, e o estado de pós-menopausa de da esposa de Abraão, como uma mulher que se tornara virgem pela segunda vez (segundo Filo de Alexandria). O que o cristianismo fez foi adoptar o seu sentido estrito e desprezar todas as demais possibilidades. Coisa que os espíritas e os judeus (excepção da CINA (judeus ortodoxos crentes em Yesshua),bem como dos denominados judeus messianistas ligados aos evangelicais protestantes fundamentalistas) estão fazer novamente com “palingenesia”.
      Para saber mais:
      - Ferrero, Guglielmo; Grandeza e Decadência de Roma, vol. II, Globo, 1ª ed., 1963, caps. IX – XI, p. 147-187.
      -Liddell, Henry George & Scott, Robert; A Greek-English Lexicon,παλιγγενεσία, versão eletrônica de Perseus Digital Library.
      -Vermes, Geza; As Várias Faces de Jesus, Record,1ª ed., 2006, cap. VI, p. 252-254

      Fonte: http://falhasespiritismo.org/



       A ressurreição é a proposta da fé cristã. Mas ela não pode ser entendida como a reanimação do cadáver. Só se pode dizer que a pessoa na sua identidade encontrará a plenitude da vida em Deus. É um mistério do qual apenas encontramos acenos no amor e na música.



        •  Desgraçadamente, as Igrejas podem ser acusadas por alguns de terem recuperado grande parte das causas que levaram Jesus à morte.


        • Quais?


        • O que levou Jesus à morte foi a religião oficial dos sacrifícios, que explorava o povo. Jesus enfrentou-se fundamentalmente com o sacerdócio do Templo, pois Deus dizia: "Eu não quero sacrifícios, quero misericórdia." Jesus veio anunciar um Deus de amor, não precisa de sacrifícios. As religiões estão assentes no sacrifício. Jesus enfrentou o sacerdócio do Templo e essa foi uma das causas da sua morte. A outra foi que ele morreu como subversivo, como alguém que subleva a ordem social e política injusta. Encontramos aqui a mensagem nuclear de Jesus, que o leva à morte: um Deus de amor, que não precisa dos sacrifícios e que quer que todos os homens e mulheres se amem, que haja justiça e fraternidade no mundo. A Igreja recuperou, neste sentido, algumas das causas da morte de Jesus: um Deus que mete medo e aterroriza. E nem sempre dentro da Igreja reina a verdade limpa e honesta da transparência e da justiça: pense no Vaticano e na Cúria Romana.


        • É um Deus imoral que provoca o aparecimento do ateísmo, como sugere em vários dos textos do livro Janela do (In)visível?


        • Um deus que mete medo, que humilha as pessoas e impede a sua alegria, que leva à violência e à guerra, é um deus em relação ao qual só há uma atitude digna: ser ateu. O mesmo se diga da doutrina que diz que Deus precisou da morte do Filho para aplacar a sua ira. Este deus seria pior que eu, é imoral, porque mata a vida, quer o sangue do Filho, precisa de vítimas. Isso é absolutamente intolerável. Um Deus que exige o sangue das vítimas é o Deus da vingança. Ora, se Deus se vinga, nós também podemos vingar-nos, podemos ir para a guerra. O Deus que Jesus anunciou constituiu uma revolução. Jesus não veio anunciar que há Deus, porque Deus nesse tempo era uma evidência social. O núcleo da sua mensagem é que Deus é amor. Esta é que é a notícia boa e felicitante do Evangelho. Ora, o que a Igreja pregou muitas vezes, ao longo dos tempos, foi uma má notícia, o "disangelho", no dizer de Nietzsche.


        • O que explica uma parte do ateísmo. Mas, em muitos dos seus textos, tem uma visão positiva do ateísmo.

        • Sim. Ai de nós se não houvesse ateus que sabem o que isso quer dizer...

        • Ateus graças a Deus?

        • Não... Admiro os ateus que, quando ainda não havia liberdade religiosa e ser ateu significava o fogo da Inquisição e implicava, no quadro doutrinal da época, ir para o Inferno, ousaram, em nome da liberdade crítica, da razão e da própria dignidade de Deus e do homem, pôr a questão de Deus e ser ateus. Esses são santos da humanidade, porque foram eles que obrigaram a criticar imagens falsas e ignominiosas de Deus. Perante os ateus, é necessário perguntar em que Deus não acreditam. Os crentes, se também souberem o que isso quer dizer, talvez estejam de acordo com alguns ateus, dizendo: num Deus vingativo, guerreiro, em nome do qual a humanidade é explorada, nesse Deus também não acreditamos.

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        •  Karl Marx ensinou-nos, por exemplo, que ninguém fala a partir de um lugar neutro. Todos falamos a partir de um lugar social. A leitura que Marx faz em relação ao dinheiro enquanto mediador das relações humanas traduz a monetarização do humano. O dinheiro é o deus que tudo domina, ao qual homens e mulheres prestam culto. Estes aspectos mostram a actualidade de Marx. Tal como Galileu, que mostrou que o homem não era o centro do universo, Darwin, que ensinou que provimos da cadeia da evolução, ou Freud, que mostra que a razão não domina tudo, Marx também nos ensina a ver que nenhum de nós fala a partir de um lugar neutro. A palavra justiça não é neutra, como não há consensos neutros no domínio social, porque cada um fala a partir de um lugar próprio. O conceito de justiça não será o mesmo para um grande capitalista e para um pai ou uma mãe desempregados que têm de alimentar três ou quatro filhos. O chamado "socialismo real" morreu, felizmente, mas Marx tem muita actualidade, sobretudo nestas dimensões.


        • A religião continua a ser a busca de sentido?


        • Do sentido, do sentido último. Por isso é que nunca desaparecerá. E aqui reencontramos Marx. Ele tinha razão ao criticar a religião como ideologia. Mas ele não tinha razão ao pensar que, uma vez estabelecida a justiça social, a religião desapareceria. É que, mesmo que fosse possível uma sociedade transparente e sem conflitos sociais, a religião não desapareceria, porque há sempre o problema do sentido final, da morte, do tédio, como dizia Ernst Bloch.
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      • Magalhães Luís O que é preciso rever é a doutrina do pecado original nas Igrejas, que não faz sentido nenhum. Como é que, aceitando a evolução, era possível o pecado dos primeiros pais, Adão e Eva, ter desgraçado a vida da humanidade inteira e da própria natureza? Agostinho interpretou o pecado de Adão e de Eva como o primeiro pecado e um pecado herdado. Isto é, em Adão, todos pecaram. Ora, isto não cabe na cabeça de ninguém. Santo Agostinho não hesitou em deixar cair no inferno as crianças que morriam sem batismo. E ficámos com um Deus que precisou da morte do filho, Jesus, para se reconciliar com a humanidade. Isto envenenou completamente o cristianismo. O pecado original não está no Evangelho e o dogma da Imaculada Conceição é contra as mulheres, porque conceberiam e andariam com o pecado dentro delas durante nove meses. Eu limito-me a pregar Yeshua que é libertador.
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      • Magalhães Luís Fica a nota de contemplação supra.
      • Magalhães Luís Um abraço!




TEMA PRINCIPAL

Recomendo esta postagem minha para tema principal de tertúlia: http://adragononfire.blogspot.pt/2013/02/o-cristianismo-e-o-islao-em-dialogo.html




  • Magalhães Luís Em destaque: A vida de عيسى ʿĪsā (Yeshua, Jesus) ☞ http://www.arresala.org.br/not_vis.php?op=101&data=0&cod=407



    No templo de Jerusalém, Issa sentou-se. Ele tinha trinta anos de idade. 



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  • Magalhães Luís A História de Issa (Yeshua, Jesus).



    Por Kamal al-Sayyd 

    Traduzido por Ismail Ahmed Barbosa Júnior



    No templo de Jerusalém, Issa sentou-se. Ele tinha trinta anos de idade. Era um homem alto e magro. Estava descalço e trajava uma túnica de lã. Meditava sobre o destino de seu povo. Issa deixou o templo e se dirigiu para as colinas. Os pastores conduziam seus rebanhos voltando para os seus lares. O sol estava quase se pondo. Issa pensava nos filhos de Israel e perguntava a si mesmo: "Como poderei guiá-los à luz? Como poderei guiá-los a senda da retidão?" 



    O sol se pôs, os pastores retornaram para os seus lares, as ovelhas retornaram para os seus cercados, os pássaros para os seus ninhos e as crianças para o colo de suas mães. Quanto a Issa, não retornou para sua casa. Por quê? Porque ele não tinha uma casa. Ele dormia no deserto. Ia para as cavernas nas montanhas quando chovia ou nevava. Quando tinha fome, se alimentava das ervas silvestres. Assim, Issa levava uma vida de liberdade e asceticismo. Não temia ninguém senão Deus. Vivia de um modo digno, pois não tinha nenhuma ambição mundana. Quando a noite caiu e era hora de dormir, Issa pôs uma pedra sob sua cabeça, se deitou e olhou para o céu estrelado. De repente, o anjo apareceu e encheu o lugar de luz. Ele disse a Issa: "Deus ordena a ti que anuncie a Mensagem." Então, Issa assumiu a responsabilidade de difundir a Mensagem de Deus, Deus e o Espírito Santo o auxiliavam. 



    A Anunciação Celestial 


    O mercado estava abarrotado de pessoas, Issa se colocou de pé e anunciou a boa nova dos Céus. Disse corajosamente: "Filhos de Israel, eu sou o Mensageiro de Deus para vós. Eu observarei o que veio antes de mim, a Torah, e anuncio a boa nova de um Mensageiro que virá depois de mim, cujo nome será Ahmad." Naquela época, Pôncio Pilatos era o governador da Palestina. César, o Imperador, ordenara aos governadores que atendessem as necessidades do povo nas regiões ocupadas desde que não prejudicassem a segurança do Império. O Governador acompanhava de perto o que acontecia em seu país. Um dia, ele recebeu notícias sobre o que ocorria na região. Tinha sido mencionado no relatório: "Um homem chamado Issa diz que ele é o Mensageiro de Deus e que convoca o povo a seguir a religião de Deus e a se afastar da corrupção." Os sacerdotes judeus estavam contrariados com a Mensagem de Issa. Por quê? 

    Estavam contrariados pois a mensagem conclamava o povo a auxiliar os pobres e alimentar os famintos, e porque Issa dizia que os sacerdotes haviam distorcido a Torah, fraudado os pobres e tomado seus bens como deuses. Naquele tempo alguns judeus não acreditavam no Dia do Juízo e na vida após a morte. Não acreditavam no ajuste de contas, na punição e na recompensa de Deus. Não diziam isso abertamente. Agiam religiosamente, porém na realidade se desviavam da religião. Demonstravam fé e ocultavam a descrença. 

    A Luta 

    Os sacerdotes judeus iniciaram sua guerra contra Issa, espalharam rumores contra ele e o acusaram de descrença. Diziam com malícia: "Se Issa é um Profeta, então onde estão os milagres? Mussa teve muito milagres, e Issa, o que apresentou?" Eles diziam coisas obscenas contra Mariam. A acusavam enquanto ela era uma mulher casta. No deserto, Issa conclamou os filhos de Israel a crer no espírito e a se afastar do materialismo. Um sacerdote judeu disse: "O espírito é o material que circula em nossas veias". Issa, o filho de Mariam, disse: "O espírito é a palavra de Deus." "Eu não sei o que estás a dizer", comentou o sacerdote. Issa se inclinou e pegou um punhado de barro, e em seguida perguntou ao sacerdote judeu: "O que é isso?" "Um punhado de barro" respondeu o sacerdote. "Isto possui espírito?" perguntou Issa. "Não" respondeu o sacerdote. "Farei disto a forma de um pássaro e então soprarei nele e se tornará um pássaro com a permissão de Deus." Atônito, o sacerdote judeu perguntou: "O que queres dizer com isso?" Issa respondeu: "Eu quero dizer que sou capaz de soprar nisto e transformá-lo num pássaro com a permissão de Deus. Isto porque Deus dá a vida às criaturas e tem poder sobre todas as coisas." Naquele momento. Issa modelou o barro na forma de um pássaro e soprou nele. De repente, o punhado de barro se transformou num pombo branco. O pombo bateu suas asas e voou para o céu. Issa estava cheio de humildade perante Deus, o Todo- Poderoso.


     Os discípulos 



  • Os filhos de Israel acreditaram em Issa? Se prostraram diante de Deus? A resposta é não. Os sacerdotes judeus intensificaram sua perseguição a Issa e espalharam o rumor em meio ao povo simples: "Issa é um jovem descrente." Eles planejavam matá-lo. Issa viu a descrença em seus olhos e então disse: "Quem serão os meus auxiliares na causa de Deus?" Doze homens se levantaram e disseram: "Nós seremos os auxiliares na causa de Deus." Em seguida olharam para o céu e disseram: "Senhor Nosso, cremos no que revelaste e seguimos o teu Mensageiro, portanto, inclui-nos entre os que testemunham." 



    'Azir 



    Nosso profeta Issa tinha um amigo chamado 'Azir. 'Azir era um homem crente, assim, Issa o amava muito. Um dia, Issa veio à casa de 'Azir e perguntou por ele. Uma mulher saiu chorando e disse: "'Azir morreu e foi enterrado há três dias atrás!" Nosso Profeta Issa perguntou a mulher: "Queres ver 'Azir?" A mãe que era uma mulher crente respondeu: "Sim, ó Espírito de Deus!" Issa disse: "Amanhã, eu voltarei e darei vida a ele com a permissão de Deus." Pela manhã, Issa chegou e disse a ela: "Venha comigo até o túmulo." Issa se posicionou ao lado da campa, olhou para o céu, pediu a Deus e disse com fé: "'Azir, levanta-te!" De repente, a campa se abriu e 'Azir saiu dela. A mãe abraçou seu filho com lágrimas rolando por sua face. Nosso Profeta Issa perguntou a 'Azir: "Desejas ficar com tua mãe? "'Azir respondeu: "Sim, verbo de Deus!" Issa disse: "Deus deu-te uma nova vida. Tu te casarás e Deus agraciará com bons filhos." 



    O Pão Celestial 



    Deus inspirou aos discípulos a fé nele e em seu Mensageiro e eles disseram: "Cremos e testemunhamos que somos submissos (a ti)." Os discípulos seguiam Issa, o filho de Mariam, Acreditavam nele e o apoiavam. Eles eram um pequeno exército mas eram fortes. Issa foi honrado aqui e na vida do além, Ele foi tão fiel que Deus atendia todas as suas súplicas. Issa pediu a Deus por sinais que fizessem o povo crer nele. Issa era como um bom pastor que zelava por seu rebanho e o protegia dos lobos. Os pobres dentre os filhos de Israel eram como um rebanho perdido. Os hipócritas eram como lobos, eles acercavam os pobres e os ensinava a descrença na Mensagem de Issa (A.S.). 

    Um dia, Issa e seus discípulos foram até as colinas nas imediações. Queriam pregar a fé entre as pessoas das aldeias. Eles sentaram perto de uma fonte. Issa começou a lavar os pés de seus discípulos. Então, eles perguntaram: "Porque estais a lavar nossos pés, ó Mensageiro de Deus?" Issa respondeu humildemente: "Quero que trateis as pessoas como eu vos trato, que as servis tal como eu vos sirvo." Os discípulos ficaram famintos. Issa saciava sua fome com ervas silvestres, mas os discípulos não eram capazes de fazer isso. Issa renunciou este mundo, ele aprendeu como controlar seus desejos. Os discípulos disseram entre si: "Issa criou um pássaro do barro com a permissão de Deus. Deu vida à 'Azir com a permissão de Deus, portanto, é capaz de pedir a Deus para nos enviar pão dos céus." Por isso, perguntaram a ele: "Issa, filho de Mariam, Nosso Senhor pode enviar-nos pão dos céus?" 

    Issa ficou comovido e perguntou-se: "Eles duvidam do poder de Deus?" E então disse: "Temei Deus se sois crentes!" Eles disseram: "Desejamos desfrutar dela, para que nossos corações sosseguem e para que saibamos que nos tens dito a verdade e para que sejamos testemunhas disso." Queriam dizer que desejavam o alimento celeste de modo a que seus corações se enchessem de certeza e assim pudessem testemunhar o milagre diante de todo o povo. Portanto, o alimento seria uma outra prova da fidelidade de Issa. Portanto, queriam que Issa conseguisse a benção do pão celestial. 

    Issa (A.S.) manteve-se em silêncio, o brilho de sua face se tornou triste e seus olhos brilharam com a luz dos céus. Issa se prostrou diante de Deus, o Senhor dos céus, e em seguida olhou para o firmamento azul e disse do fundo de seu coração: "Senhor Nosso, envia-nos do céu uma mesa servida que seja um banquete para o primeiro e o último de nós , constituindo um sinal teu, agracia-nos , porque Tu és o melhor dos agraciadores." A luz celestial resplandeceu e cobriu o local. Issa e os discípulos ouviram uma voz vinda das alturas dizendo: "Eu a farei descer, porém, quem de vós, depois disso continuar na descrença, saiba que o castigarei tão severamente como jamais castiguei alguém dos humanos." 

    Um apetitoso alimento desceu dos céus. Seu delicioso cheiro atravessou a distância, de modo que os famintos e os pobres vieram até Issa. Eles encontraram aquela excelente refeição, assim, comeram e beberam e em seguida se foram.


  •  Na Praia 



    Nosso Profeta Issa (A.S.) foi até a praia para visitar os pescadores. Ao vê-lo, os pescadores o saudaram: "O mestre chegou!" Eles estavam tristes pois tinham lançado as redes ao mar e todos seus esforços foram inúteis. Alguns deles se sentaram na praia, outros em seus barcos e olharam para Issa com tristeza, já que haviam dobrado suas velas e estavam sem esperança. Issa subiu num dos barcos e chamou alguns homens para a pesca. Os pescadores içaram as velas e seguiram o barco de Issa. Issa ordenou as pescadores a que parassem num certo ponto do mar e lançassem suas redes na água. Algo surpreendente aconteceu! Os pescadores puxaram suas redes e elas estavam cheias de peixes. Eles continuaram a pescar até que seus barcos se abarrotassem de peixes. Os pescadores deram graças a Deus e retornaram à praia. 



    A Cura 



    Um dia, um dos discípulos pediu ao Profeta Issa para que o seguisse até uma casa. Issa o seguiu. No caminho Issa viu um jovem caminhando e algumas pessoas zombando dele. O jovem era surdo e mudo. Embora nada ouvisse e não pudesse falar, ele olhava perplexo para as pessoas enquanto riam dele. Issa colocou as palmas de suas mãos nos ouvidos do rapaz e ele se tornou capaz de ouvir. O povo ficou atônito já que sabiam que aquele jovem era surdo, de modo que alguns deles creram em Issa e o seguiram. Então, Issa seguiu para a casa de seu amigo. Ao amanhecer, ouviu algumas pessoas atirando pedras na porta, ele saiu para ver o que estava acontecendo. Quando Issa saiu, viu um leproso caminhando e algumas pessoas atirando pedras nele para força-lo a sair da cidade. O povo atirava pedras no leproso à distância e sentiam nojo de vê-lo. Issa pôs sua mão sobre o rosto daquele homem e curou-o de sua doença. Quanto ao povo, se empurrava para tocar a mão de Issa para serem abençoados. 



    A Trama 



    Issa devotava sua vida a socorrer os pobres, os miseráveis e os necessitados. Orientava o povo à senda reta e anunciava a boa nova da vinda do mais honorável dos profetas, Mohammad (S.A.A.S.), a quem ele chamava o Consolador. Dizia ele: "Quanto ao Consolador, a quem o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará daquilo que tenho dito a vós." Issa recitava ao povo o que havia sido mencionado na Torah, o que Deus tinha dito a Mussa (A.S.): "Designarei a eles um profeta semelhante a vós, dentre seus irmãos, e porei minhas palavras em sua boca, de modo que os informará sobre tudo o que confiarei a ele." Por esta razão, os judeus alimentavam más intenções em relação à Issa e incitavam o povo contra ele. Lançavam rumores de que se tratava de um feiticeiro, e que tinha se afastado da religião de Mussa. 

    Um dia, enquanto Issa e seus discípulos estavam sentados no templo, os judeus se lançaram sobre ele para matá-lo. Pilatos, o governador, ordenou que as forças de segurança o prendessem para protegê-lo da maldade dos sacerdotes judeus e para conhecer suas idéias e sua mensagem. Issa foi levado ao palácio, e a turba o seguiu, assim, Pilatos saiu do palácio para perguntar a eles a razão pela qual se encontravam indignados com Issa. A turba gritava: "Issa é um descrente, um apóstata e um traidor!" Os guardas fecharam os portões do palácio. Então, Pilatos analisou atentamente o semblante de Issa. Ele viu seus olhos resplandecendo com a luz do amor e da paz, então disse consigo: "Decerto que esse homem possui sinceras convicções." Em seguida, Pilatos perguntou a Issa: "Tu incitas o povo contra o meu governo?" Issa respondeu de modo confiante: "Não. Eu peço a eles que pensem sobre o Criador do mundo, para que se tratem mutuamente com bondade, e para que sirvam a Deus , o Deus Único.' Pilatos tinha lido os pontos de vista dos filósofos gregos, de maneira que compreendeu que as convicções de Issa não ameaçavam Roma. Por isso, os guardas abriram os portões do palácio e libertaram Issa. Quanto aos sacerdotes judeus, passaram a lançar rumores de que Issa tinha imprimido suas crenças no governador e que este queria trair a César. Os sacerdotes judeus eram maus, não estando satisfeitos em apenas espalharem rumores, eles enviaram cartas a César para que esse depusesse o Governador. O país estava dominado pelo caos. Pilatos temia que os judeus derrubassem seu governo, assim, deixou-os comportarem-se como quisessem em relação à Issa. Os sacerdotes judeus estavam cheios de maldade com Issa. Eram tão selvagens como lobos, de maneira que tentavam despedaçá-lo com seus próprios dentes. Desejavam matá-lo pois ele trazia visões humanistas e a verdadeira religião de Deus revelada a nosso Profeta Mussa (A.S.). Os sacerdotes judeus realizaram uma reunião conturbada, na qual discutiram como prender Issa, o filho de Mariam. Os espiões foram a todos os lugares para procurá-lo, mas não o encontraram. Os sacerdotes judeus estavam nervosos pois Issa tinha se ocultado. Achavam que Issa ameaçava seus interesses, então ofereceram altas somas para aqueles que o capturassem ou fornecessem informações sobre ele.

     Os sofrimentos de Issa 



  • Issa e sua mãe enfrentaram muitos sofrimentos neste mundo. Os judeus perseguiram Mariam desde o dia em que Issa nasceu. Não acreditaram neste milagre, e, além disso, a acusaram de corrupção quando disseram: "O pai de Issa é um homem chamado Yussuf al Najjar." Quando Issa cresceu e assumiu a Mensagem de Deus, os judeus o perseguiram em toda parte. Então, incitaram o governo para que o prendesse, e acusaram o governador de traição a César. Os sacerdotes judeus conseguiram uma aprovação para assassinar Issa e o procuraram por toda parte. Enquanto isso, o governo Romano ordenou a seus soldados para que o detivessem. Onde Issa se encontrava? 



    Issa se movia secretamente de um lugar para outro. Ele e seus seguidores passavam cada noite num lugar diferente. Uma noite, Issa e seus discípulos se esconderam numa chácara. Ao terminarem sua refeição, Issa se ergueu para ensinar a seus seguidores uma lição de humildade. Ele lavou as mãos e os pés deles e disse: "Fiz isto para ser um exemplo para todos vós, portanto sejam humildes e modestos uns com os outros." Naquela noite, Issa sentiu que havia traição, então disse: "Desejo dizer a vós que o pastor deverá ir, e o rebanho permanecerá sozinho, e um de vós desacreditará em mim antes que o galo cante três vezes." Os discípulos se entreolharam e viram o olhar de Yahudha Al Askharyuti brilhando de traição. Naquela noite fria, Issa e seus seguidores foram dormir, menos Yahudha, que se retirou dali. Yahudha estava pensando no ouro e nas altas somas oferecidas, assim, se dirigiu ao templo onde os sacerdotes judeus se encontravam, esperando por notícias de Issa. Yahudha informou ao chefe dos sacerdotes sobre Issa e em troca recebeu ouro. Quando o galo cantou três vezes, os sacerdotes judeus ordenaram aos soldados romanos que seguissem Yahudha. Yahudha não queria que ninguém o reconhecesse, assim, cobriu sua face. Ele caminhava à frente dos soldados que o seguiam. As pessoas despertaram quando ouviram o barulho da soldadesca. Dezenas de soldados invadiram o local, e os discípulos fugiram em todas as direções. Deus, desejando, punir Yahudha, fez com que sua face se tornasse igual à de Issa. Quanto a Issa, Deus o arrebatou aos céus e salvou-o da terrível conspiração dos judeus. 



    A Cruz 



    Os soldados romanos não encontraram Issa. Não o reconheceram pois não o tinham visto antes. Em meio ao caos, olharam para a face de Yahudha que estava semelhante à de Issa, então o prenderam e o levaram embora. Os sacerdotes judeus queriam se livrar rápido de Issa, de modo que ordenaram aos soldados que crucificassem Yahudha na colina de Al Jaljala e eles o levaram até lá e o crucificaram. Assim, os judeus imaginaram que a história de Issa estava acabada. A história de Issa acabou? Não. Muitos rumores sobre sua vinda estavam se espalhando. Porém, os rumores eram espalhados pelos pobres, que o amavam. Contudo, os judeus temiam aqueles rumores pois não tinham certeza que tinham assassinado Issa, assim, passaram a espalhar o rumor que o tinham crucificado. 



    Quanto a verdade, é a que Deus, o Glorioso, mencionou no Alcorão: "E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Deus, embora não sendo, na realidade, certo que o mataram, nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado. E aqueles que discordam, quanto a isso, estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, abstraindo-se tão-somente em conjecturas; porém, o fato é que não o mataram. Outrossim, Deus fê-lo ascender até Ele, porque é Poderoso, Prudentíssimo”. (Alcorão C.4 - V.157 e 158) 

    Issa voltará algum dia. Quando será? 

    Ele voltará no dia prometido quando o décimo segundo Imam dos Ahlul Bait (A.S.), Imam Al Mahdi, o que o Profeta Mohammad anunciou, chegar. Issa auxiliará Al Mahdi, a verdade derrotará a falsidade e o amor e a paz prevalecerão sobre a terra. 

    "E quando os anjos disseram: Ó Maria, por certo que Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os diletos de Deus. Falará aos homens, ainda no berço, bem como na maturidade, e se contará entre os virtuosos." (Alcorão C.3 - V. 45 e 46) 

    "E de quando Jesus, filho de Maria, disse: Ó israelitas, em verdade, sou o mensageiro de Deus, enviado a vós, corroborante de tudo quanto a Tora antecipou no tocante às predições, e alvissareiro de um Mensageiro que virá depois de mim, cujo nome será Ahmad! Entretanto, quando lhes foram apresentadas as evidências, disseram: Isto é pura magia!" (Alcorão C. 61 - V.6)







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